Análises BR
Djonga resgata suas origens em disco "Ladrão"
O rapper Djonga lançou em março seu terceiro álbum chamado "Ladrão", onde concretiza seu nome no cenário brasileiro, como dito por ele mesmo seu "Hat-Trick". O MC demonstra em forma de rimas para o público que mesmo quando você estiver lá no Topo, não se esqueça de baixo, sua caminhada e suas raízes, pois na visão dele muitos que não tinham nada e conquistaram seus objetivos se esqueceram do inicio onde tudo começou. A produção contou com seu fiel escudeiro Coyote Beatz e ainda com os produtores Thiago Braga, Fritz e JNR com beats que procuravam trazer a essência do rap verdadeiro, rap cru e visceral, sem muitos instrumentos ao fundo dando mais atenção as melodias vocais. E através das criticas construtivas que sofreu por uma parte do público sobre seu flow, Djonga visou nessa obra variações de flows e de vozes com bastante rap cantado demonstrando sua versatilidade e superioridade de alguém que abstrai elogios e criticas construtivas e transforma elas em superação, talento e aprendizagem proporcionando um álbum melhor do que o outro através do tempo de carreira.
O termo "Ladrão" que dá titulo ao álbum tem o significado de tomar o que foi roubado de seu povo, seja no âmbito cultural, social, estrutural ou a própria auto-estima que ao longos de anos foi tentada ser destruída e tomada em partes. Abram alas pro rei pois Djonga abre seu trabalho chutando a porta, com suas punchlines marcantes, seu rap caracterizado pelo sarcasmo, jogo de palavras e falando o que vê e senti, tanto na primeira faixa "Hat-Trick" como no cd, um prefacio de sua obra, e ao longo do álbum o rapper passa sua visão de rua na música "Bené", já no hit "Leal" ele mostra sua lealdade em relações amorosas modernas, expande suas ideais internas junto de Filipe Ret em "Deus e o Diabo na Terra do Sol", demonstra seus sentimentos internos no love song "Tipo" junto da voz de ouro de Minas Gerais do MC Kaio que canta o refrão. Na música "Ladrão" ele toma a cena de assalto, com sua lirica afiada, mandando a real sem dó nem pena, em "Bença" ele faz uma homenagem a suas origens e raízes, visando passar que tudo que aprendeu vem muito antes até do rap, onde formou seu carácter e sua mentalidade, e como ele mesmo canta "Esse disco é sobre resgate, para que não haja resquício, na sua mente que te faça esquecer, que você é o dono do agora mas o antes é mais importante que isso", em "Voz" Djonga e Nog Now falam sobre preconceito e racismo, mostrando suas vitórias na vida contrariando as estatísticas e sua herança histórica tão cruel, real e atual, com um refrão tocante cantado pelo Chris MC, em "Mlk 4tr3v1d0" o rapper faz uma homenagem a Jorge Aragão com uma releitura da música "Muleque Atrevido" em forma de rap em vez do samba da original, ele fecha o álbum com chave de ouro com "Falcão" comemorando suas conquistas mas sempre com suas reflexões internas e visando muito mais para sua carreira, pois como ele diz "É que eu voo alto, Eu sou falcão, Vamos mudar o mundo baby".
Gustavo Quiodine, 20/05/2019