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Publicado por Gustavo Quiodine, 18/05/2019
O crescimento da "Indústria Rap Brasileira" com ajuda da internet
Gerando Associações de Marcas com Rappers
O rap ainda continua sem um merecido grande espaço na TV e no rádio, por isso uma ótima ferramenta usada pelos rappers é a internet, onde eles possuem atualmente números impressionantes de visualizações no "Youtube", visto pelos artistas como uma vitrine de divulgação de seus trabalhos, um ponta pé inicial para suas carreiras ou uma alavanca para o mercado. Tendo em vista um certo crescimento na "Indústria Rap Brasileira", vemos o resultado em marcas e organizadores de eventos tendo uma maior atenção e se associando a Rappers. Um exemplo é o da marca de roupas Pineapple Supply que foi fundada em 2015, e abriu um canal no Youtube onde chamava rappers e beatmakers para fazer músicas juntamente com clipe e em menos de um ano a marca virou um dos principais criadores de conteúdo do Rap brasileiro, e não é à toa que o canal Pinneaple Storm TV já conta com mais de 4.500.000 milhões de inscritos, um número que supera canais de marcas internacionais como Nike, Adidas, Element, entre outras. A marca brasileira de roupas "Rexpeita" também é um bom exemplo do uso de rappers em associações, um representante da marca comentou para nós que veem o mercado do Rap atual na internet como "Algo que pode atingir o público alvo e se posicionar através de determinado artista, os números altos influenciam diretamente na melhora das vendas ou no acesso ao site, no caso da nossa marca que é um e-commerce". Ele ainda comenta sobre a importância da associação da marca para carreira do artista de Rap como "Ele pode se associar ao público da marca, melhorar sua imagem, ganhar capital, ser veiculado na publicidade da marca aumentando a taxa de aparição do artista. São muitas possibilidades dependendo da relação estabelecida".
A internet é um meio que encaixa diretamente com o universo rap, pois os rappers sentem uma certa liberdade de expressão, o que não acontece muito nas rádios e na tv onde os conteúdos são bem comercias, letras de protesto e cunho social hoje são geralmente vistos pela internet, tendo em vista a independência dos trabalhos, onde artistas podem até gravar em casa e já lançar seu trabalho. A rapper Muka Mc que está no cenário a seis anos, divulga seu trabalho pelas redes sociais, a Mc pontua a importância da internet como "Ajuda a alcançar o público de maneira mais rápida, existem ferramentas em redes sociais que é possível impulsionar a sua publicação atingindo pessoas de todo o país ou até de outros países", ainda sobre a atual associações de marcas a rappers ela coloca que "O rapper tem um poder de influência muito grande e as marcas percebem isso, acredito que esse seja o motivo de diversas marcas patrocinarem artistas".
Um mundo novo se abriu para artistas de rap com suas divulgações pela rede, artistas de todos os estados ganharam um pouco a mais de espaço, pois o rap por muito tempo ficava centralizado no eixo SP-RJ, claro que já tinham rappers de outro estados em destaque nas outras décadas, exemplos como GOG , Câmbio Negro e Guind'art 121 de Brasília, Da Guedes de Rio Grande do Sul, mas eram poucos os rappers que não eram de São Paulo ou Rio de Janeiro que ganhavam um espaço de destaque. Atualmente houve uma certa mudança onde vemos vários mcs ou grupos de diversos estados do Brasil, como Djonga, Crara Lima e FBC de Minas Gerais, Don L e Rapadura do Ceará, Dow Raiz e Karol Conka do Paraná, Froid e Flora Matos de Brasília, Atentado Napalm de Goiânia, entre outros, ganhando espaço e visibilidade no cenário.
Osmar "Dj Cuco" de Souza, de 37 anos, produtor musical do (Estúdio Bom Bando) a qual concedeu entrevista, vê esse crescimento da "Indústria Rap Brasileira" como "Grande com certeza, tanto pelos números de artistas, quanto pelo número de shows e eventos relacionados ao gênero, como pelos números de views (Youtube) na média os artistas de rap tem nos seus trabalhos, cresceu bastante sim, está na cara, está no rádio, está na tv, enfim, cresceu" relatos de quem conhece a fundo o mercado do rap. E consequente com a procura de marcas para associações, cresceram a busca de organizadores de eventos por artistas de Rap, Dj Cuco comenta que "A procura por rap cresceu primeiro por parte do público, e consequentemente, os organizadores de eventos passaram a procurar aquilo que atrai o público."
Todo esse crescimento talvez ainda seja pouco comparado a artistas de grandes gravadoras, em questões de estrutura e ganho financeiro, mas para artistas independentes o espaço da internet é importante, pela sua visão autoral tanto do trabalho de conteúdo (liberdade de expressão) como musicalmente, a liberdade não tem preço o que liga o artista diretamente com a linguagem do público, há uma conexão com o ouvinte até pelo espaço de comentários ao seus fans, onde o artistas tem uma visão de como sua audiência pensa. As redes sociais não servem só como um ponto de partida, mas sim como um meio de carreiras para rappers e outros artistas, e como outras plataformas, ela ainda tem muito a acrescentar na "Indústria Rap Brasileira", e esperamos que artistas de rap ganhem ao longo do tempo, muito mais espaço em outras plataformas para que consigam decolar muito mais, passando toda sua arte das ruas para milhares de pessoas.