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Djonga rima sobre sua infância em "Histórias da Minha Área"

O rapper Djonga lançou mais uma pedrada com seu álbum "Histórias da Minha Área" lançado em 2020, pois ele vem com obras que sempre abrem debates e discussões significantes, que são referência em conteúdo e originalidade, devido a suas punchlines fortes e cheias de ironias, e muita vezes com aquele humor ácido e picante que traz diversas reflexões sociais ao ouvinte. Mostrando que o rap brasileiro atual ainda tem muita força nas questões essenciais a serem discutidas como racismo, desigualdade social, brutalidade policial, educação social, entre outros. E como suas últimas obras está foi inteiramente produzida pelo seu  DJ parceiro de palco Coyote Beatz com batidas diretas e atuais que combinam bem com o estilo de rima versátil de Djonga e seus convidados como Cristal, FBC, NGC Borges, Bia Nogueira e MC Don Juan que abrilhantam está obra que marca mais um passo a frente da carreira de Djonga.

Histórias da Minha Área

O início é com a faixa "O Cara de Óculos (Part. Bia Nogueira)" que conta uma pouco sobre a adolescência do rapper e seus amigos da área, que como diversos jovens eles já pensavam em dinheiro, roupas e relacionamentos, e que pela desigualdade e outros fatores muitos iam parar em caminhos opostos, no mundo da criminalidade, seja por falta de oportunidades, por ilusões ou pelo ódio institucional. Djonga rima "Muito cara certo entrou na vida errada, Dinheiro sujo compra roupa limpa. Essa é a prova que os opostos se atraem, Igual polícia e um preto na parede, Coisa que eu não entendo junto ainda.". No som o rapper da o papo real sem vendas colocando no segundo verso a diferença entre as vidas dele e a dos boys, pois como toda pessoa de origem simples todo dinheiro e conquistas são soados e difíceis de conseguir, e buscar algo melhor gera ambições e riscos, e que nesse caminho leva a muitos falsos profetas e mentirosos. No verso Djonga também fala sobre racismo, e a liberdade negra dá mente e espírito, além de abordar que tudo que o rapper ganhou ele compartilhou com sua família e amigos pois para ele "Todo mundo da minha área que chegou fui eu que pus, Eles 'tão por mim, seja Sol ou Lua. E 'cê só vai ser o maior do Brasil, Depois que for o maior da sua rua, chupa". Já a música "Não sei Rezar" tem como tema central os amigos do rapper que foram mortos, colocando aspectos e motivos de muitos que si perderem no mundo do crime, em busca de poder e ambições. No segundo versos ele expõe a ferida do racismo e desigualdade do pais, rimando sobre fatores abrangentes que fazem tantas vidas pobres jovens serem desperdiçadas ao longo da vida, com um estrutura desleal e um sistema tão letal e injusto, prestando o rapper uma pequena homenagem as diversas vidas perdidas a qual Djonga nunca esqueceu na sua caminhada.

Em "Oto Patamá" o rapper mostra suas habilidades na lírica, fazendo diversas rimas de duplo sentido e mostrando como ele está em Oto Patamá fazendo também referência e homenagem ao jogador "Bruno Henrique" que também é mineiro e vem de origem simples como o rapper. E com todas suas conquistas com seu esforço ao longo da carreira pois ele é história da sua área, demonstrando seu orgulho de suas origens e rimando sobre positividade aos seus fãs para que seus ouvintes aprendam que as conquistas vem com muito trabalho. Em "Todo Errado" Djonga fala sobre uma relação amorosa que tem altos e baixos, dando detalhes de como cada um agi em diversas situações, rimando "Pra que ciúmes, pô? Nós já passamo' dessa fase. Quando ela tá feliz, me esquece; tá triste, me liga. Que eu tô aqui pra dizer aquela frase (Te amo)". Na música ele expõe seus defeitos, e abre o jogo sobre possíveis traições dela por boatos e atitudes, dizendo que ela é tão fria e ele tão sentimental, pois em diversas situações ele se mostra como superior na relação, pois o rapper quer tirar esse estereótipo de que todo homem manda na relação, colocando em cheque que numa relação todos tenham liberdade para agir do jeito que é sem algemas ou lacres, pois cada relacionamento tem suas características específicas. Em "Gelo (Part. NGC Borges e FBC)" Djonga e seus convidados disparam punchlines sobre a vivência de cada um, indo pra diversos assuntos diferentes na faixa, onde Borges indo na sua linha caraterística de rimas sobre a vida de crime, enquanto FBC mostra suas referências, ambições e conquistas ao longo do tempo. 


A faixa "Hoje Não" explora a discussão sobre os preconceitos enraizados na nossa sociedade, nesse racismo institucional no país, debochando da hipocrisia de pessoas e instituições preconceituosas cantando "É que enquanto o doutor capota os de raça no soco. Ela tá falando que ama ver um preto no topo. Imagina se o moço neto com esse biotipo, o mais fácil é eliminar todos esses garoto" pois essa faixa foi inspirada em um enquadro que Djonga levou da polícia em Ouro Petro em Minas Gerais por estar dirigindo um Porsche Panamera preto (onde ele usou o mesmo no clipe), expondo os preconceitos que ele e outros milhares de negros sentem em diversos momentos da vida. Já na faixa "Mania (Part. MC Don Juan)" o rapper e Mc Don Juan cantam sobre suas relações e fatos de privacidades vividas por cada um com suas minas, falando sobre paixão e sexo, sendo uma música bem melódica e influênciada pelo estilo Funk. Na canção "Procuro Alguém" o rapper presta uma homenagem a sua filhinha recém nascida, expondo os sentimentos de sua expectativa de como será criar uma filha, onde vemos a visão de um pai querendo aprender e tentar se tornar menos machista com essa vivência, cantando "Hipocrisia à parte, meu lado realista, vou poder a primeira vez ser menos machista. Na prática, a vontade é te prender e tudo, mas pássaro é pro vento, igual você pro mundo". Já em "Deus Dará (Part. Cristal)" os mc's falam sobre ser uma pessoa que si importa com as outras, seja amigos ou família que é a base dividindo suas conquistas com seus fiéis, pois para os dois sua família é a base discutindo sobre uns rappers de hoje que postam com dinheiro e coisas de luxo enquanto seus familiares estão aos prantos sem ajuda, a canção trás essa reflexão de olhar e pensar em grupo e não individualmente como muitos fazem. A última faixa intitulada "Amr Sinto Falta da Nssa Ksa" é uma mensagem a sua amada, explorando suas frustrações, inseguranças e conquistas tanto na vida pessoal como profissional, onde ele rima "Meu medo é que essa correria te tire de mim, por você eu juro, nega, que eu volto a andar no Uno. Se bem que... Não me deram nada de mão beijada, agora que virou, querem beijar minha mão.", demonstrando seus sentimentos mais pessoais e internos na música de encerramento da bela obra.



Gustavo Quiodine, 19/07/2020.


Veja abaixo o clipe de "Hoje Não" sexta faixa do álbum:


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