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A volta por cima de Black Alien no disco "Abaixo de Zero: Hello Hell" 

Álbum 'Abaixo de Zero: Hello Hell' | Divulgação/Parteum
Álbum 'Abaixo de Zero: Hello Hell' | Divulgação/Parteum

O rapper veterano Black Alien mostra no álbum "Abaixo de Zero: Hello Hell" toda sua história de superação e luta ao longo dos anos contra seus vícios, colocando sua sobriedade sem demagogia ou lição de moral a outros, sem vitimismo demonstrando em seus próprios versos que ele mesmo sempre foi seu maior inimigo, vemos nessa obra um trabalho bem profundo de reflexões e revelações. Nesta obra contém o melhor do rapper tanto no lado pessoal como no musical, que por mais que o álbum anterior "Babylon By Gus - Vol. II: No Príncipio Era O Verbo" tenha qualidade e seja bom, ainda era a volta de Black Alien, e assim como atletas em retornos você volta meio enferrujado e vai pegando o seu melhor ritmo ao longo da volta da prática, e foi isso que aconteceu, o rapper mostra seu ápice no disco atual, com canções que mostram sua versatilidade e qualidade, juntado aos ótimos instrumentais de Papatinho (Cone Crew Diretoria) que misturam muito jazz com rap , em beats que tiram o melhor do mc, mostrando sua versalidade e formando a química perfeita.             

O disco abri caminho com a música "Área 51" com a frase impactante do rapper "Esse é o retorno do cretino, dos clássicos, hits, hinos" cheias de punchlines, onde ele brinca com as palavras com seu flow e lirica como de costume, falando sobre evolução e elevação ao longo do tempo, começando de baixo no processo desintoxicação das drogas até o atual momento que resume como "Plantas me dão o remédio, Plantas me dão o prédio se o cofre é o que eu quero, Vim pesadão ninguém vai me derrubar, E problema com pó quem tem é o dono do bar". Na canção "Carta pra Amy" que tem o nome em homenagem a cantora Amy Winehouse, a qual o mc é muito fã e que tem tudo a ver com o próprio álbum e faixa pois a cantora tinhas problemas com vícios que causou até sua morte por excesso de álcool, tem em sua primeira estrofe passagens do cotidiano antigo do rapper, onde ele expõe como sua vida era largada e destrutiva no mundo das dependências em drogas e álcool, botando seus sentimentos para fora de como ele teve e tem que encarar a si próprio para se manter sóbrio "Não posso correr de mim mesmo eu sei, nunca mais é tempo demais baby, o tempo é rei". Já na segunda estrofe ele fala sobre seu presente limpo, trabalhando bastante, fazendo muito rap, mostrando sua vida sólida e bem estruturada diante de muitos ensinamentos. A música "Vai Baby" é o primeiro love song do álbum, com um beat regado de jazz, canção cheias e punchlines falando sobre aquela pessoa especial, expondo os detalhes pessoais e físicos que o fazem única, e ainda sobra espaço para transparecer sua marra carioca na batida. Em "Que Nem o Meu Cachorro" Black Alien passa a ideia como é importante tomar cuidado com influências maliciosas, e como muita das vezes a diversão e o prazer pode te levar a caminhos perigosas, mas que por mais que em diversas situações que você ache que chegou no fundo no poço, você tem dentro de si a força suficiente "Da força, da fé, da febre e da fibra" para mudar e superar obstáculos, pois o mais importante é o agora. Já na faixa "Take Ten" o rapper rima como esse consumo abusivo em drogas e álcool o estava afetando seu psicológico e físico, e como ele teve que sofrer e ser afetado até seu próprio corpo agir para ele reagir "Meu fígado não concordou com meu estilo de vida, Meu cérebro acordou, tirou meu bloco da avenida", na faixa ele ainda faz um paralelo do seu passado ruim para seu bom presente. No segundo love song intitulado "Au Revoir" mostra aquele lado picante de uma relação, aquela paixão delirante e como isso tudo é normalmente paranoico e viciante, por isso ele faz comparações com outros vícios, pois todo esses sentimentos fazem parte de relações sinceras e intensas. Em "Aniversário de Sobriedade" ouvimos sobre esse passado turbulento de Gustavo, onde ele expõe totalmente seus antigos vícios "Uísque, pó, cigarro, mulé e um carro pra Nikiti, Tão elevado, complexo de Nietzsche", detalhando cada momento que o afetou em todos sentidos, e como esse tempo obscuro o fez deixar de reproduzir músicas, afetando seu lado artístico e criativo, refletindo que muito tempo foi jogado fora e desperdiçado. Já na faixa "Jamais Serão" o rapper faz um reflexo da sociedade atual brasileira (social e politico), onde muita gente falam muitas bobagens, ou como ele próprio diz "Só se fala groselha, Meu silêncio é caridade", e que esse tipo de pessoas nunca serão parte do movimento, pois a arte e principalmente o rap não compactua com posicionamentos fascistas ou autoritários, mas ele coloca que tudo isso é só um momento temporário, e que o rap está sempre vivo e ativo para combater todo tipo problema. Black Alien fecha o álbum com a faixa "Capítulo Zero" com versos que recapitulam sua vida desde o inicio, numa volta ao zero, representando o recomeço do rapper em várias perspectivas, pois agora ele se encontra em uma nova vida, cheia de ambições, aprendizagens e sabedoria, cada dia rescrevendo um novo capitulo em sua jornada seja na vida ou no rap, onde ele tem seu posto como um dos melhores artistas de rap do Brasil.    


Gustavo Quiodine, 05/07/2019             



Veja abaixo os clipes já disponíveis do novo álbum: 



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